Patrícia e Paulo têm uma relação em segredo. Joana, a mulher de Paulo, suspeita de qualquer coisa e faz-lhe perguntas cada vez mais embaraçosas. Miguel, o marido de Patrícia, é o melhor amigo de Paulo, mas a franqueza entre os dois já não é o que era. À medida que os enganos se vão enredando, os dois casais perdem-se num labirinto de quem disse o quê a quem.
Num jogo de máscaras brilhantemente cruel, A verdade, de Florian Zeller, centra-se no microcosmo da vida conjugal para expor as hipocrisias da sociedade e problematizar com humor as vantagens de ocultar a verdade e os inconvenientes de a revelar.
Neste projecto desafiante do Teatro Aberto em que se apresentam A verdade em conjunto com A mentira, duas peças do mesmo autor, em dois espectáculos diferentes, representados pelo mesmo elenco, põem-se as variáveis do que será verdade e do que será mentira à discussão e demonstra-se como a arte de representar se pode desdobrar em múltiplos sentidos.
Críticas
“A peça (…) entrega-se a uma série de falsidades e fingimentos em modo matrioska (…) a braços com culpa e a falta dela, em constante debate sobre a moralidade da mentira e os seus potenciais efeitos benéficos”. - Público – Gonçalo Frota – 07/12/2018
“As duas peças compõem um díptico sobre a clássica questão da veracidade da realidade, da sua manipulação e dos jogos do poder (…) Dois espetáculos muito divertidos, sabiamente realizados, de forte componente cenográfica e brilhantes interpretações (...) Neste díptico (…) cumpre-se à risca a fórmula de agarrar o público pois, divertindo-se, reflete-se no que a cena espelha e procura respostas para as perguntas que continuamente se perfilam no palco (…) Fica claro, desde o início, o gosto com que todos ao atores entraram neste jogo de enganos com ritmo, expressividade e intensa comicidade (…) das suas personagens (…) Os espetáculos estão primorosamente concretizados por João Lourenço, como sempre com apoio da excelente dramaturgia de Vera San Payo de Lemos”. - Jornal de Letras – Helena Simões – 02/01/2019
“Esta peça é mais do que um esboço para o labiríntico mundo de motivações onde o que não é dito é tão ou mais importante que o dito (…) O que é mais estimulante na dramaturgia de Vera San Payo de Lemos do texto de Zeller, mantendo intacto o jogo de máscaras a que as personagens se submetem umas às outras nas suas delirantes confrontações, desenvolvidas de maneira tão realista como absurda pode ser a vida e as voltas que lhe damos para correr pelo melhor e evitar a solidão”. - Time Out – Rui Monteiro – 02/01/2019
“Tempo para refletir sobre a forma como mentimos – e as razões pelas quais o fazemos”. - Correio da Manhã – 03/02/2019